Hoje começou o segundo semestre, ou melhor, o sexto da licenciatura que frequento. E devo dizer que estou só um bocadinho deprimida, só um bocadinho.
Nunca fui boa com despedidas. Odeio separações, odeio quebras de rotina, odeio a ideia de que me vou afastar desta vida que conheço há praticamente três anos. Três anos sentada ao lado de duas das pessoas de quem mais gosto neste mundo (que elas não leiam isto!). Três anos de trabalhos juntas. Três anos de momentos de pânico juntas, lágrimas, suor, porque deixamos sempre tudo para a última. Três anos de memórias, tantas memórias.
No fim deste ano vamos separar-nos. Elas vão para um mestrado, eu para outro. Este semestre será o último em que teremos aulas juntas, em que nos sentaremos ao lado umas das outras, em que jogaremos ao STOP durante as aulas, em que comeremos bolachas às escondidas, em que taparemos a cara com o cabelo para disfarçar as gargalhadas que querem tanto sair. Será o último em que dormiremos em casa umas das outras, a fazer trabalhos durante tardes e noites inteiras. Este semestre, aquele que eu tanto temia e que rezava para não chegar, chegou. O semestre do fim.
Às vezes brincamos: "dizes que te vai custar, mas deixa só chegar setembro e vais ver que já nem te lembras de nós! Aliás, vamos logo deixar de nos falar". Dizemos isto com tom de parvoíce, provocação, mas no fundo dizemo-lo em tom de aviso, um "por favor, não o faças" disfarçado.
Já perdi muitos amigos. Tantos, que lhes perdi a conta. Tantos, que neste momento só posso dizer que tenha duas amigas daquelas a sério; elas. Não consigo apontar mais ninguém. Por isso é que me vai custar tanto. Por isso é que escrevo a conter as lágrimas. Porque, por mais dificuldade que tenha em exprimir o que sinto, gosto tanto delas que tenho um medo tenebroso de perdê-las. Contamos tudo umas às outras, gozamos umas com as outras, andamos à chapada se necessário, mas sabemos que no fundo nos adoramos.
Nunca vai ser o mesmo. Não partilharmos o mesmo horário, as mesmas frustrações, os mesmos conflitos de turma vai mudar muita coisa na nossa amizade. Ou então não. Se fizermos um esforço, não. Nada tem de mudar. Gostamos umas das outras e todas já perdermos amigos em circunstâncias destas, por isso sabemos que não queremos que isso se repita. E as nossas pulseiras (parolíssimas) com um símbolo de infinito que o digam. Infinita será a nossa estupidez, serão as nossas maluqueiras, as saídas, as tardes no sofá, as manhãs na cama, as noites a dormir de conchinha, os jantares em casa da R., as viagens de carro, as coreografias das músicas, as músicas, as bebedeiras, as danças no meio da rua, os guinchos, as gargalhadas histéricas, as palmas, os abraços, os beijinhos, as festas, as discussões parvas que acabam em risos, os raspanetes, os disparates, os erros, as conversas até às 4, 5, 6 da manhã, os jogos, as brincadeiras.
Por estes três anos, obrigada. Por todos os que hão de vir, muito obrigada!